CITOLOGIA: UMA ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR PARA OS
EDUCANDOS DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
REZENDE, Mary Carneiro[1]
RIBEIRO, Josiane[2]
SANTOS, Simone José Aparecida da Silva[3]
Resumo
Este trabalho é parte das atividades desenvolvidas nas
disciplinas de Tópicos de Biologia e Produção de materiais didáticos do
mestrado do
Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências Naturais da Universidade
Federal de Mato Grosso (PPGECN/UFMT). Apresenta o resultado da aplicação do
material didático, plano de aula e sequência de atividade, sobre o tema Citologia,
desenvolvidas com educandos da 2ª fase do 2º ciclo do ensino fundamental de uma
escola estadual, situada no município de Tangará da Serra - MT. Para desenvolvermos
as atividades, nos apoiamos principalmente, nos estudos de Moreira (2009, 2011)
sobre a aprendizagem significativa, sua fundamentação e implementação. Os
resultados deste trabalho apontam que a maioria dos educandos construíram os
principais conceitos abordados durante as aulas.
Palavras-chave: Aprendizagem Significativa, Citologia, Sistemas de medidas.
INTRODUÇÃO
Este trabalho é parte das atividades de
mestrado, desenvolvidas nas disciplinas de Tópicos de Biologia e Produção de
materiais didáticos no mestrado, no âmbito do Programa de Pós-Graduação em
Ensino de Ciências Naturais da Universidade Federal de Mato Grosso
(PPGECN/UFMT). Objetiva, de maneira geral, descrever o processo de ensino e
aprendizagem a respeito da citologia na 2ª fase do 2º ciclo (5º ano) do ensino
fundamental.
Inicialmente apresentaremos o processo de
escolha do tema, público atendido e
teoria que fundamentou nosso trabalho. Discorreremos sobre os procedimentos
metodológicos, apontando como se deu o processo de ensino e aprendizagem dos
conceitos de Citologia, a partir da participação dos educandos nas atividades
desenvolvidas. Por fim, registraremos algumas considerações tomando como base
as impressões evidenciadas no decorrer do trabalho, relatos dos professores
levantados através de entrevistas, algumas considerações sobre: o planejamento,
a aplicação das atividades e os resultados obtidos.
Escolha do tema e público atendido
Antes de iniciarmos a disciplina de Tópicos de
Biologia realizamos uma entrevista estruturada com professores Pedagogos e
Biólogos de alguns municípios polo dos Centros de Formação e Atualização dos
Profissionais da Educação Básica - CEFAPROs (Barra do Garças, Tangará da Serra,
Cáceres, Juara, Confresa, Juína, Primavera do Leste, Matupá, Cuiabá e Sinop), com
o objetivo de evidenciar temas difíceis e conflitantes no ensino de Ciências da
Natureza, na visão dos entrevistados. Os temas mais evidenciados foram: Origem
da Vida e Evolucionismo; Genética; Citologia; Práticas de laboratório (Botânica
e Citologia); Sexualidade; Método Investigativo; Fotossíntese; Bioética;
Fermentação e Classificação dos Seres Vivos.
O tópico “Citologia” foi escolhido devido a sua
relevância. Consideramos importante a abordagem desde os primeiros anos do
ensino fundamental, pois nesta fase os educandos já estão aptos a conhecerem
esses conceitos, para que possam ser
compreendidos e assimilados de maneira significativa até o ensino médio. Além disso,
é um conteúdo que perpassa outras áreas, como a Matemática, a Língua Portuguesa
entre outras, possibilitando um trabalho interdisciplinar. Outro fator
importante que contribuiu para a escolha do tema é a pouca discussão nos anos iniciais do ensino fundamental.
Segundo os professores entrevistados, graduados em
pedagogia, o conhecimento da área como a da Ciência da Natureza, por exemplo, é
bastante superficial. Percebemos que o tema citologia é abordado de maneira pouco
profunda e até mesmo equivocado. Nesse sentido, os professores que participaram
da entrevista, relataram não terem muito conhecimento sobre o assunto e à falta
de estrutura física adequada para práticas laboratoriais.
Um
dos professores (P1) entrevistados, considera
difícil abordar divisão celular, afirma ser um tema muito abstrato e de
grande complexidade. Segundo ele a dificuldade é tanto do professor quanto do
aluno: “O professor não tem uma boa base,
é muito difícil ministrar aulas sobre, por sua vez, o aluno também não tem uma
base forte”. Afirma ainda, que por se tratar de um conteúdo muito complexo,
“torna-se difícil uma aprendizagem
significativa, no entanto, com aulas práticas, vídeos, animações, confecção de
modelos em 3D, à dificuldade é minimizada”.
A partir da análise dos dados escolhemos uma escola
estadual no município de Tangará da Serra-MT e uma turma da 2ª fase do 2º
ciclo, composta por 28 educandos com faixa etária, em média, 10 anos com pouca
variabilidade, o que condiz com o esperado para esta fase, no currículo
organizado por ciclos de formação humana.
Teoria que fundamentou nosso trabalho
Este trabalho trata da análise das contribuições da
Teoria da Aprendizagem Significativa para o processo de ensino e aprendizagem
de conceitos de Citologia e Sistemas de medidas, em particular a relação da
célula na formação e desenvolvimento corporal. A pesquisa envolveu o planejamento, aplicação
e avaliação de uma sequência de atividades fundamentadas à luz da Teoria da
Aprendizagem Significativa.
Para aplicarmos as atividades, nos apoiamos
principalmente, nos estudos de Moreira (2009, 2011) sobre a aprendizagem
significativa, sua fundamentação e implementação em sala de aula.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Primeiramente realizamos um diagnóstico sobre o que os
educandos, da fase referendada, estudariam em ciências da natureza, depois
planejamos uma sequência de atividades e em seguida apresentamos este
planejamento para alguns professores pedagogos do município de Tangará da Serra
– MT. Todos disseram que não haviam trabalhado o tema Citologia nos anos
iniciais do ensino fundamental e a maioria relatou ter pouco conhecimento a
respeito de Citologia. Após o dialogo com estes educadores, os mesmos perceberam
que de modo ainda superficial, abordam este tema quando ensinam a respeito do
desenvolvimento do corpo humano.
Na elaboração do planejamento, analisamos três livros
didáticos da 2ª fase do 2º ciclo do ensino fundamental. O livro da coleção Projeto
Buriti[4]
da Editora Moderna, adotado pela professora regente da turma, aborda alguns
conceitos de Citologia no tema Reprodução Humana, no tópico de fecundação,
porém nenhum capítulo aborda o conceito célula, são apresentados alguns
exemplos de células, como os espermatozoides, óvulo e zigoto e outros, como
fecundação. O livro aborda as diferenças entre órgãos sexuais, feminino e
masculino. Desta maneira, consideramos equivocada, a organização e abordagem
destes conceitos na referida coleção, uma vez que, o educando não tem acesso,
neste referencial adotado pela escola, aos conceitos primordiais, que servirão
de ancoradouro para os demais conceitos de ciências no que se refere à formação
e desenvolvimento do corpo humano.
A coleção Ápis[5],
da Editora Ática, em relação ao tópico Citologia, aborda três capítulos sobre o
corpo humano. Inicia com o tema “por dentro do corpo”, onde aparece o conceito
célula e apresenta um mapa conceitual. O capítulo seguinte inicia apresentando
estruturas microscópicas da pele e do sangue. O tema “como surge o ser humano”,
que é o norteador das nossas discussões na sequência de atividades, é abordado
no terceiro capítulo sobre o corpo humano, apresenta os órgãos reprodutores, do
homem e da mulher, porém, percebemos que o conceito de fecundação não aparece. Apesar
disso, consideramos uma coleção que apresenta os conceitos estruturantes e a
abordagem dos conteúdos na perspectiva da aprendizagem significativa, pois os
temas são sempre iniciados com questionamentos, estimulando os educandos a
relatarem seus conhecimentos prévios, fator primordial para que ocorra a
aprendizagem significativa. Também traz mapas conceituais como recurso
didático, destacando os conceitos e suas inter-relações.
Os Mapas conceituais favorecem a aprendizagem dos
conceitos. De acordo com Moreira (2010, p.11), mapas conceituais são “diagramas
de significados, de relações significativas; de hierarquias conceituais”.
Analisamos também a coleção Descobrindo o ambiente[6],
da Editora Saraiva. Dentre as três coleções, esta, aborda o tópico Citologia de
maneira mais apropriada para facilitar a construção e inter-relação entre os
conceitos. Não encontramos erros conceituais. Aborda todos os conceitos
necessários para a compreensão da formação e desenvolvimento corporal. A
linguagem utilizada está adequada para a faixa etária.
Sendo assim, consideramos relevante para o processo de
ensino e aprendizagem, que o conceito célula seja abordado em algum momento dos
anos iniciais. Por isso, é importante que o professor utilize diversas fontes
de pesquisa para o planejamento das aulas, visando assim, contribuir
significativamente para o processo de ensino e aprendizagem.
De acordo com Moreira (2011), para que ocorra a
aprendizagem significativa, duas condições são essenciais, uma delas é que o
material de aprendizagem seja potencialmente significativo, ou seja, tenha
significado lógico. A outra condição para que ocorra a aprendizagem
significativa, é o educando apresentar uma predisposição para aprender, ou
seja, querer relacionar os novos conhecimentos com os conhecimentos prévios.
Quando percebermos que o educando não dispõe de
conhecimentos prévios sobre o assunto abordado, é nosso papel facilitar,
promover a sua construção antes de prosseguir. Nessa perspectiva, introduzimos
as aulas com o conceito de célula, pois o consideramos essencial para a
aprendizagem dos demais conceitos envolvidos na formação e desenvolvimento
corporal.
Segundo Moreira (2011), devemos inicialmente mapear o
conteúdo curricular, de maneira conceitual, identificando ideias mais gerais,
inclusivas, os conceitos estruturantes, as proposições-chave do que vai ser
ensinado.
Concordamos com Moreira, quando ele afirma que, “os
conteúdos são listados em um programa que é seguido linearmente, sem idas e
voltas, sem ênfases, e que deve ser cumprido como se tudo fosse importante
[...] o resultado desse enfoque é geralmente, aprendizagem mecânica”. (MOREIRA,
2011, p.43-44)
Considerando todos os
aspectos mencionados, elaboramos nosso plano de aula, no qual estabelecemos os
seguintes conteúdos: Célula, Formação e Desenvolvimento corporal, Gráficos e
tabelas e Sistema de medida. Com a pretensão de alcançarmos os seguintes
objetivos: Conceituar Célula; Relacionar a célula como unidade
responsável pela formação e desenvolvimento corporal; Entender o processo de
formação e desenvolvimento do corpo humano; Dialogar a respeito do sistema de
medida: comprimento; Representar graficamente o desenvolvimento corporal
intrauterino. Para tanto, selecionamos os seguintes recursos e estratégias
didáticas: Roda de conversa; Filmadora; Slides com imagens ampliadas de
células/feto e embrião; Texto: Como é formado o nosso corpo?; Leitura deleite:
A magia da vida; Vídeo: Era uma Vez a Vida: Função Reprodutora e o Nascimento;
construção de Gráficos e tabelas. Para verificarmos se os objetivos propostos
seriam alcançados organizamos algumas atividades a serem desenvolvidas no
decorrer das aulas. Depois, produzimos uma sequência de atividades.
Para Zabala (1998, p.18), sequências de atividades são
um “conjunto de atividades ordenadas, estruturadas e articuladas para a
realização de certos objetivos educacionais, que têm um princípio e um fim,
conhecidos tanto pelos professores como pelos alunos”. Ou seja, as sequências didáticas
são formas de organização de trabalho pedagógico, com característica de sequencialidade,
pois uma atividade está articulada a outra.
RESULTADOS
E DISCUSSÃO
Ressaltamos que
este trabalho foi realizado com a participação de várias professoras, uma
pedagoga, uma bióloga e uma matemática. Tanto no planejamento quanto nas aulas,
o conteúdo foi abordado de modo interdisciplinar, por exemplo, unindo visões da
Ciência da Natureza, Matemática e Linguagens. Assim, consideramos que a
metodologia utilizada oportunizou a realização de um trabalho interdisciplinar
e cooperativo entre as disciplinas citadas.
De acordo com
Fourez (2002, p. 69-70), “o termo interdisciplinaridade evoca um espaço comum,
um fator de coesão entre saberes diferentes [...] deve entender-se como a
utilização, coordenação das disciplinas adequadas, numa abordagem
integrada dos problemas”.
O desenvolvimento
do plano teve duração de três dias. No primeiro dia, solicitamos aos educandos
que relatassem seus conhecimentos sobre célula. Para isso, organizamos uma roda
de conversa para a realização desta atividade. Constatamos que a maioria dos
educandos não conhecia a palavra e nem o significado de célula, como podemos
verificar nos relatos dos Educandos (3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10): “Eu nunca ouvi essa palavra e não faço nem
ideia do que significa.” Alguns já souberam falar como o corpo humano é
formado, mas não conheciam o conceito de célula, isto foi evidenciado na fala
dos Educandos1 e 2: “Nós somos formados a
partir do encontro do espermatozoide do pai com o óvulo da mãe”.
Depois de ouvirmos todos
falarem, percebemos que alguns já tinham noção do que é uma célula, citaram o
óvulo e o espermatozoide, mas a grande maioria afirmou desconhecer o assunto.
Sendo assim, conceituamos célula a partir da fala dos educandos e
posteriormente apresentamos seu conceito científico. Desenvolvemos as
aulas utilizando várias imagens ampliadas de células para despertarmos a
curiosidade dos educandos, com o intuito de contribuirmos na construção dos
conceitos e representações mentais sobre o tema. No entanto, reconhecemos a
importância do laboratório para o ensino de ciências.
Perpassando por algumas carteiras, percebemos que alguns educandos haviam
desenhado o óvulo e vários espermatozoides. Isso indica que estes, já tinham algumas
representações mentais e conhecimentos prévios sobre o assunto.
Na sequência, realizamos uma atividade, com analogias, utilizando uma
imagem de ovo de galinha, na qual evidenciamos que a gema do ovo (galado) é um
zigoto.
Para iniciarmos o
conteúdo de formação e desenvolvimento corporal realizamos alguns
questionamentos: Vocês sabem de onde os seres humanos vêm? Como somos formados?
O que precisamos para crescer? Onde você se informou sobre o assunto? Em
relação ao texto, “Como é formado nosso corpo”, o qual abordava vários
conceitos de Citologia, solicitamos aos educandos que todas as palavras
desconhecidas, fossem grifadas e, no encadeamento das aulas, pesquisadas com o
uso do dicionário. Essa atividade permitiu aos educandos identificar e conhecer
os principais conceitos envolvidos na reprodução humana.
Ainda
no primeiro dia, assistimos ao vídeo[7]:
Era uma vez a vida: A Função
Reprodutora e o nascimento. Antecipamos aos
educandos o conteúdo do vídeo. Informamos que, depois da exibição, eles fariam um
registro das palavras que ainda não conheciam (além de promover à apropriação e
a sistematização do conteúdo, serviria de fonte de consulta à medida que o
estudo avançasse). Exploramos o referido vídeo por duas vezes, no primeiro
momento sem fazer interrupções, logo em seguida, fazendo pequenas pausas para abordarmos
tanto os conceitos relacionados ao ensino da biologia quanto da matemática.
Entregamos uma
tabela intitulada “Registro do crescimento do bebê na barriga da mãe”. A qual
era composta por três colunas: tempo (dia), tamanho (cm ou mm) e semanas
(7dias). A coluna do tempo já estava preenchida, portanto, solicitamos que os
educandos, enquanto assistissem ao vídeo, registrassem apenas informações do
crescimento do bebê na barriga da mãe. Todos participaram da atividade, os mais
adiantados auxiliando os que não haviam conseguido fazer as anotações. Neste
momento, percebemos que um educando apresentou dificuldades na construção do
conceito de números. Ao final da aula, em conversa com a professora regente,
ela nos afirmou que já vem desenvolvendo atividades diferenciadas com este
educando, com o intuito de contribuir na superação das suas dificuldades.
Em relação à
matemática observamos, além da divisão ou multiplicação celular, a quantidade
de espermatozoides envolvidos no processo. O locutor do vídeo evidencia que
"centenas de milhões de espermatozoides partem ao ataque" e na
sequência afirma que "apenas 1% atravessará a barreira do colo
uterino", dialogamos com os educando sobre o quanto corresponderia este
1%. Na sequência, ao falar a respeito do crescimento do embrião, o mesmo faz
menção ao tempo, utilizando dias e meses. Para melhor compreenderem o assunto,
questionamentos a respeito de: “centenas de milhões” ”um mês tem quantas semanas”,
“270 dias correspondem há quantas semanas” entre outras questões.
Em relação aos
números ordinais mencionados no vídeo "vigésimo oitavo dia já é um
embrião", “quadragésimo dia”, somente aproveitamos estas informações, para
relembrar a respeito destes números, sua importância, quando os usamos no dia a
dia, haja vista a professora já ter discutido este assunto anteriormente.
Quanto ao registro
do tamanho do bebê anotado na tabela, questionamos sobre a diferença de
milímetros e centímetros. Utilizamos uma régua para verificar o quanto
representava cada tamanho registrado. No segundo dia confeccionamos um gráfico
representando as informações retiradas do vídeo (tamanho em função do tempo).
Os educandos escolheram o título do gráfico e colaram cópias de régua indicando
o tamanho aproximado do bebê no decorrer de cada mês. Em relação à terceira
coluna da tabela, a qual correspondia às semanas, utilizamos máquina de calcular
ou a calculadora do celular, para transformar os dias, evidenciados na primeira
coluna, em semanas do período gestacional.
Em relação ao
ensino de Ciências, observamos que, assim como o texto, o vídeo também abordou
os conceitos: célula, tipos de células (óvulo e espermatozoide), o processo da
fecundação, o crescimento do embrião, a diferença entre embrião e feto, os
órgãos do sistema reprodutor feminino (vagina, tuba uterina, útero, ovários).
Todos esses conceitos foram discutidos no decorrer da aula. Para isso, utilizamos
slides com imagens ampliadas pra facilitar a compreensão dos educandos. Para
avaliarmos a aprendizagem, organizamos o desenvolvimento de atividades em
dupla. Solicitamos aos educandos, a elaboração de um texto evidenciando o que
aprenderam, sobre os conteúdos de Ciências e Matemática. Posteriormente os
educandos socializaram os textos com os demais colegas.
No terceiro dia
realizamos uma atividade proposta no livro da Coleção Buriti, a mesma utilizada
pela professora regente. A proposta utilizava o gênero textual charge, a qual
consistia num dialogo entre pai e filho: o filho questiona o pai sobre de onde vêm
os bebês e o pai informa que ele tinha vindo de uma loja de departamentos. O
filho, admirado insiste perguntando se realmente tinha vindo de uma loja de
departamentos e o pai menciona que o havia comprado em uma prateleira de
supermercado, numa promoção. A partir da leitura da charge, desencadeamos uma
discussão a respeito da origem de cada educando.
Nesta atividade, a
partir dos relatos e registros, concluímos que os educandos perceberam a
relação entre a célula, a formação e o desenvolvimento do corpo humano. Alguns
educandos já explicavam o processo da fecundação, demonstrando que estavam
aprendendo o que estava sendo ensinado. Conforme podemos verificar no trecho da
dupla “A”: “o bebê se origina na
fecundação, que vem o embrião e que depois de 3 meses vira o feto que vai se
desenvolvendo até 9 meses e nasce, mas que alguns nascem antes de 9 meses sendo
chamados de bebês prematuros. Ou ainda, no registro da dupla “B”: “os bebês não sai de uma loja. E eles não
vei de uma loja de apartameito porque eles vei da barriga das mães e ele iria
fica comtaite de sabe que ele vei da barriga da mãe dele”.
Neste caso,
podemos afirmar que tanto os educandos que não conheciam o conceito de célula,
quanto os educandos que já conheciam alguns conceitos de citologia,
apresentaram uma aprendizagem significativa, pois, foram capazes de conceituar
a maioria das questões trabalhadas e relacionar os conteúdos apresentados com
os conhecimentos prévios.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Acreditamos que os
resultados até aqui apresentados evidenciam que a abordagem de conceitos de
citologia nos anos iniciais do ensino fundamental, é essencialmente necessária,
se almejamos uma aprendizagem significativa no processo de ensino e
aprendizagem das Ciências da Natureza. Para tanto, há que se repensar a
formação continuada dos educadores que atuam nessa etapa de ensino, uma vez que
os profissionais entrevistados relataram não terem, em sua formação inicial,
aportes teóricos e práticos sobre tópicos de Citologia.
Percebemos que, em
relação ao ambiente escolar, ensinar Citologia, ou qualquer outro tópico de
ciências nos anos iniciais do ensino fundamental, parece viável, mesmo com a
ausência de um laboratório de ciências. Para tanto, é necessário que o
professor seja dinâmico e apresente estratégias diversificadas que facilitem a
aprendizagem dos educandos.
Finalmente, as
evidências sugerem que, a sequência de atividades, na perspectiva da
aprendizagem significativa, contribuiu consideravelmente para a construção dos
conceitos propostos. Foi possível constatar, a partir da análise dos relatos das
atividades desenvolvidas nos três dias de aula, que os objetivos traçados foram
alcançados. Os educandos estruturaram conceitos importantes para a compreensão
da formação e desenvolvimento corporal, bem como a relação da célula nesse
processo.
REFERÊNCIAS
FOUREZ, Gérard. Abordagens
didácticas da interdisciplinaridade. Lisboa: Instituto Piaget, 2002.
MASINI,
E. F. S.; MOREIRA, Marco Antonio. Aprendizagem
Significativa: condições para ocorrência e lacunas que levam a
comprometimentos. São Paulo: 1.ed. Vetor, 2008.
MOREIRA,
Marco Antonio. Mapas conceituais e aprendizagem significativa. São Paulo: Centauro,
2010.
MOREIRA, Marco Antonio. Aprendizagem significativa: a teoria e
textos complementares. São Paulo: Livraria da Física, 2011.
MOREIRA, M.A. e MASINI,
E.F.S. Aprendizagem significativa: A
teoria de David Ausubel. São Paulo: 2. ed. Centauro Editora, 2006.
VALADARES, Jorge;
MOREIRA, M.A. A teoria da aprendizagem
significativa: sua fundamentação e implementação. Coimbra: Edições
Almedina, 2009.
ZABALA,
Antoni. A prática educativa: como
ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.
[1] É mestranda,
em Ensino de Ciências Naturais do Instituto de Física da Universidade Federal de
Mato Grosso-Campus Cuiabá- IF/UFMT, Professora de Ciências Biológicas da rede
estadual de ensino de Mato Grosso, atua como professora formadora de Biologia
no Centro de Formação e Atualização dos Profissionais da Educação Básica de
Barra do Garças - MT (CEFAPRO/BGA). E-mail: marycrezende@yahoo.com.br.
[2] É
mestranda, em Ensino de Ciências Naturais do Instituto de Física da
Universidade Federal de Mato Grosso-Campus Cuiabá- IF/UFMT, é Professora Pedagoga
da rede estadual de ensino de Mato Grosso, atua como coordenadora no Centro de
Formação e Atualização dos Profissionais da Educação Básica de Tangará da Serra
-MT (CEFAPRO/TGS). E-mail: ribeiroljosi@gmail.com.
[3] É mestranda,
em Ensino de Ciências Naturais do Instituto de Física da Universidade Federal
de Mato Grosso -Campus Cuiabá - IF/UFMT, é Professora de Matemática da rede
estadual de ensino de Mato Grosso, atua como professora formadora de Matemática
no Centro de Formação e Atualização dos Profissionais da Educação Básica de Alta
Floresta - MT (CEFAPRO/AF). E-mail: profasimonematematica@gmail.com.
[4]BEZERRA, L.M. Projeto Buriti:
Ciências. São Paulo: Moderna, 2011.
[5]NIGRO, Rogério G. e CAMPOS, Maria
Cristina de C. Ápis: Ciências. São Paulo: Ática, 2011.
[6] OLIVEIRA, Nielda Rocha de et.al.
Descobrindo o ambiente, 5º ano. 3. Ed. São Paulo, 2008. ( Coleção ciências.
Descobrindo o ambiente)
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